Peripécia Coletiva

Peripécia Coletiva

sábado, 15 de setembro de 2007

Sem planos

Entre o Sonho e a Realidade
existe um amor, in
ardente como chama e,
singelo como a espécie imperador.

Entre paradoxos sensatos
não aceito viver sem você,
mas vivo, por você.
Faz anos.

Entre nós, confusão
profusão de sentimentos, estranho.
De repente, esse amor é out
meu e seu. Transmissão.

Permita, Jah, vivê-lo!
Mas, comigo, decepção.
Nada sei, sei, apenas dúvida.
e nas mãos, o destino - não minhas.

(Dan Rocha)

terça-feira, 4 de setembro de 2007

"Clichê"

Cada gole uma satisfação
Cada tragada um sorriso!
Já são dezenove cervejas
duas mil e cinco vezes satisfeitos.
Dois maços de Free
e estamos presos
na Felicidade.
cevada, tabaco, garrafa, cadeira, mesa. copos,
AMIGOS!
elementos necessários à vida e indispensáveis à morte.

(Dan Rocha)

Meu Quarto

Ao chegar, uma palmeira
Da janela, verde.
Cheiro amadeirado,
cor de tom adocicado.

Espaço etéreo, arte na tela
Sentimento sublime que educa.
Mas coração amargurado
Revela da Alma o estado.

Espero a maçaneta rodar
apreensivo e compenetrado
Até minha Razão adentrar...

Efêmeros Razão e sentimento
impossível misturar, mas
não no mundo que vivo.

(Dan Rocha)

Dos Cinco aos Quize!

Cinco anos
Seis só brinca.
Sete com óculos!
oito, nove, 10
onze e alguns beijos...
doze vadia...
XIII - REPROVADO! esporros...
Cartoze no deboche, só ria...
Quinze - mudança: novos amigos!


(Dan Rocha)

domingo, 5 de agosto de 2007

Oração à RAINHA DEUSA SUPREMA DO FLERT

Deito-me agora e peço-lhe para que amanhã, quando levantar-me,
Querida Rainha Deusa Suprema do Flert,

Sua sagacidade divina continue pairando sobre meus sentidos,
Dai-me sabedoria no momento exato da escolha!
E os que desprezarem tua divindade se sintam arrependidos.

Faça com que os equívocos sejam evitados,
Que as palavras sejam certeiras
E os encontros indevidos afastados!

Perdoa-me por antigos erros,
Pois a carne é fraca e o álcool ardia.
Antes, pagã eu era e agora, conto com tua sabedoria.

A Ti sempre serei devota,
Se tirar-me as fardas de minha rota.
(Municipais principalmente,
pois marronzinhos não há quem aguente!)

Banha-me com teu olhar espreiteiro
E lábios calientes.
Que sempre me traga um famoso roqueiro
Perante simples indigentes.

Mas se a safra for doente e a noite estiver no fim,
Minha Rainha Deusa Suprema,
Te suplico o que estiver menos ruim!
Pois lisa não sairei,
Seria esse maior problema.


Rogo-lhe que me proporcione o talento necessário na arte do flert.
Hoje amanhã e sempre,
amém!
Que Jah te acompanhe nessa babilônia sinistra!
(Fernada Netto)

terça-feira, 1 de maio de 2007

Super-Herói

Hoje, lendo o jornal pela manhã me deparei com uma promoção daquelas que vc responde uma pergunta e as respostas "mais criativas" ganham um prêmio. Como todo ser humano normal, minha curiosidade me aguçou lá fui eu ler a enquete que dizia: "se vc fosse um super-herói qual seria seu inmigo número 1?"
Ahhh, na hora me veio á Cabeça George W. Bush, mas sabe, gente, eu to cansado dessa coisa de criticarem, criticarem e nada de concreto acontecer. Primeiramente, acho que devemos estabelecer metas pra mudar o que está nos incomodando. Acho que hoje em dia, pelo menos pra nós cariocas, o que mais nos preocupa é a questão da VIOLÊNCIA; e para nós Terrestres e o aquecimento Global. Concordam?
Chega de tentar achar culpados, de enumerar vítimas, de apresentar soluções e mais soluções que nunca entram em vigor... Temos que fazer, cada um, nossa parte, começando pela nossa casa, nosso bairro, cidade... Esperar alguma acontecer não dá!!! Não dá mais para colocar um fone de ouvido, escutar a música preferida e quando ela acabar, esperar que o mundo tenha virado do avesso.
Sabe, se eu fosse um super-herói, meu maior inimigo seria a força de todas a coisas ruins do mundo: o nosso Ostracismo!!!
è só um desabafo! BOA ativa SEMANA!!!

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Homenagem

A semana, para mim, parece ter três dias. Um deles, por sinal, me parece não ter nem 24 horas de duração... Enfim, tempo para me dedicar ao blog é quase nulo, embora ele não tenha caído no esquecimento.
Hoje, deixarei uma homenagem a um cantor, poeta e escritor que a cada dia mais admiro - Chico Buarque. A música "Ela faz cinema" é uma pérola daquelas que nós, meros mortais, criamos uma vez em nunca. Mas Chico, ah! ele cria sempre, para nossa felicidade. Não me pergunte por quê eu gosto dessa música, pois se tivesse explicação eu não gostaria de verdade. É como se fosse um poema, lido e relido sem encontrar sentido, mas com uma enorme capacidade de ficar prazeirosamente em nossas vidas.
Hoje na aula, ouvi uma frase que gostaria de deixá-la aqui: " A Religião é um instrumento de explicação e fuga para as mazelas da Sociedade" Karl Marx


Ela faz cinema

Composição: Chico Buarque
Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora
Está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual
Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão
Me clama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz
Eu não sei
Se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito
Cantar outra vez
Quando ela jura
Não sei por que Deus ela jura
Que tem coraçãoe quando o meu coração
Se inflama
Ela faz cinema
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

DESENCANTO

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.


__ Eu faço versos como quem morre.
(Manuel Bandeira)

"Doce Você"

Doce Você

No sopro dos Deuses
sua beleza foi se realizar
complementar como perfume
esverdeada como Esperança
e doce como Paixão

Parar, não param
Os Deuses, inquietos,
Com tamanha criação.
Oh! Sopre mais, sopre!

O sopro chega a mim, Brisa.
Trazendo o lindo Verde,
mas o Doce, pelos Deuses
A Mim não pertence, Jamais.

Ao meu cotidiano azul
Mistura-se o verde – brisa.
Deuses, burros, me ofertam o amarelo,
Que doce não é, é ouro, mas não você.

(Set-2006)
(Dan Rocha)

A Pinta

A Pinta

Não era um caroço de feijão
Nem mesmo um machucado.
Não se movia, fingia.
Era tão pequena...
Mas enorme por dentro
Não falava, demonstrava.
Não era apenas uma marca no rosto,
E sim uma linda e fascinante pinta
Na pele negra.


Rômulo Mathias

terça-feira, 27 de março de 2007

Quem sou eu???

Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto,Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é(E se soubessem quem é, o que saberiam?),Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa, Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Génio? Neste momentoCem mil cérebros se concebem em sonho génios como eu,E a história não marcará, quem sabe?, nem um,Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.Não, não creio em mim.Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?Não, nem em mim...Em quantas mansardas e não-mansardas do mundoNão estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,E quem sabe se realizáveis,Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?O mundo é para quem nasce para o conquistarE não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,Ainda que não more nela;Serei sempre o que não nasceu para isso;Serei sempre só o que tinha qualidades;Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem portaE cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordámos e ele é opaco, Levantámo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível.Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos
TABACARIA (Álvaro de Campos)

segunda-feira, 26 de março de 2007

Alerta! Sempre Alerta...

Bom Dia!
Ando pela Cidade Atroz
A confundir vertiginosamente
Palavra e Bala perdidas.
Sedentas por divisão
CUIDADO! não olha por onde anda?
Não, pois não ando. Sou levado
a Onda tenta levar a Ti e a Mim.
Ele já foi. Levado
ao som de "tá...tá"...
ficou deitado, ainda não levantou
já faz umas 4 horas, ainda está lá.
Eu? eu fujo, vivo fugindo...
andando, correndo e até mesmo voando
entre sirenes, rostos e fogo... tudo cruzado.
E amanhã vou... trabalhar... fugir também
religiosamente outra vez. e outra.. e outra e outras...
Boa Noite!
(Dan Rocha)

"... a poesia está dentro da vida, e não a vida dentro da poesia."

Razão de Ser
Escrevo.E pronto.
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
(Paulo Leminski)

A loucura de cada um

Antonio Olinto
O estado esquizofrênico, mais comum do que parece, mereceu de Elza Pádua um estudo que discute o problema da esquizofrenia social como diferente, ou não, da pessoal, tendo sido ela quem usou, pela primeira vez, em seu trabalho de doutorado, a expressão "esquizofrenia social". Talvez seu mestrado anterior em Comunicação Social haja influído em sua percepção de que, na família e na memória de um tempo, inclusive na memória de uma literatura milenar e na de uma escrita de grande influência mais recente, que foi resumida na palavra "mídia", o caso é normal.
Como exemplo do testemunho literário do mal, cita Elza Pádua a peça "O pato selvagem", de Henrik Ibsen (1828-1906), como texto que chega mais perto da realidade humana do que uma investigação psicológica normal. Em "O pato selvagem", nas palavras de Elza Pádua, Ibsen explora o mundo da família Ekdals, que levava uma existência pacífica e tranqüila até a chegada de um jovem, quando passa a se ver fragmentada e destruída em nome da verdade.
A intuição de alguns escritores, em análises que abrem caminhos, tem sido responsável por muitas pesquisas e estudos que levaram inovadores como Freud a mudar o que pensávamos sobre nós mesmos. Analisando a peça de Ibsen, diz Elza Pádua: "A verdade desempenha um papel devastador em `O pato selvagem'. Escrito no final do século XIX, mostra-nos claramente a dicotomia das falas no interior de uma família, na qual o que se fala, vê e ouve, não é correlato com a realidade".
A memória de uma família, a memória de uma infância, a memória histórica do país em que se vive, a memória mesma da história universal, tudo pode influir na formação de uma grande memória pessoal, possível causadora de uma esquizofrenia.
A presença da literatura na criação de uma idéia geral de que tudo é mágico (chamei há pouco, num artigo sobre Jorge Amado, que seu romance "O sumiço da santa" pode ser considerado uma "farsa mágica) ajuda a que se avalie um estado normal de esquizofrenia. E de que maneira se poderia classificar a obra de Franz Kafka (1883-1924) com o seu "O processo" e seu homem virando um inseto? Na linha de uma loucura que, ao contrário, tenha uma estranha lucidez?
A sabedoria de Elza Pádua, em "Esquizofrenia social", se revela de modo muito evidente na escolha de "O alienista", de Machado de Assis, para pontuar seu livro, usando em toda mudança de capítulo, um trecho machadiano que chama a atenção para o ritmo esquizofrênico-literário do estudo.
Começa com estas palavras de Machado: "Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele, em Itaguaí". Ou com esta frase do próprio alienista: "A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente". Ou esta confissão: "O padre Lopes confessou que não imaginara a existência de tantos loucos no mundo". E esta conclusão: "... se tanto homens em quem supomos juízos são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?"
Essas frases de Machado esvoaçando sobre o texto dão uma enorme força aos argumentos da analista, cuja frase final representa o livro: "Iniciei este trabalho acreditando que a esquizofrenia social...era uma patologia das sociedades... com causas e efeitos bem determinados. Termino convencida de que ela é a loucura da normalidade".

Tribuna da Imprensa (RJ) 20/3/2007